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Consumidor: um agente de mudança


reunião de trabalho sobre produção de conteúdo
Crédito: Norma Mortenson | Pexels

Nesta semana, a Plataforma Gente liberou o episódio 9 do podcast Tirando o Crachá¹, sobre Consumo em Tempos Pandêmicos. Em breve participação, compartilhei uma visão pessoal sobre como atuamos, como consumidores, em tempos incertos.

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Lembro perfeitamente a primeira vez que utilizei um dos aplicativos de entrega que prometem mais do que refeições. Em 2016, precisava buscar uma receita médica mas não podia sair naquele momento. Aproveitei um código de desconto da amiga e, voilá, encantada; wow, se tenho a possibilidade de contratar um serviço para que realizem atividades burocráticas, posso aproveitar meu tempo para concretizar alguns planos encostados, não é mesmo? E como bônus, me sinto muito mais produtiva - do jeitinho que o capitalismo gosta.

E assim foi: passei a acreditar que era uma perda de tempo ir ao supermercado, já que agora podia fazer uma lista entre uma atividade e outra para receber tudo magicamente em casa. E o cashback? Ah, que incrível! E assim, aconteceu: virei piada entre os amigos, que perguntavam com frequência: o que a Lidi ainda não pediu neste app? Bom, enviei presentes enquanto estava 500 km distante do endereço de entrega, comprei celular e até TV (onde este último item não teve a entrega honrada pelo app, mas já é outra história). Importante saber é que sim, eles também têm entregas com carros para compras e itens maiores. Incrível, claro!

O fato é que infelizmente poucas vezes parei para conversar com os entregadores (como fazia com os motoristas de aplicativo enquanto passageira), e na correria do dia a dia foquei apenas na facilidade para a minha vida e ponto final.

E como é a vida de todos os envolvidos nos processos de fabricação e entrega dos produtos que escolhemos? Nossa "facilidade" alimenta uma economia justa?

Líder dos Entregadores Antifascistas, Paulo Lima – conhecido também como Galo, concedeu uma entrevista ao Digilabour², newsletter sobre mundo do trabalho e tecnologia, e compartilhou as dificuldades e a pauta da última greve, que não foi liderada pelo grupo. Se você estiver com um tempinho pra entender o porquê devemos pensar melhor na cadeia que ajudamos a construir, vale a leitura.

*** Aplicativos de entrega têm diversas frentes de monetização. Além da taxa para o delivery em si, existem parcerias comerciais com empresas que anunciam no app, entre outros meios, sem contar no banco de dados riquíssimo sobre o perfil dos clientes. Sim, baseado na quantidade dos meus pedidos, eles sabem que provavelmente a manteiga está acabando por aqui.

É nosso papel também, como consumidores, cobrar não só melhorias de usabilidade, mas também que exista uma rede justa, economicamente correta e socialmente responsável.

Dá trabalho pesquisar, pensar e conhecer, então a facilidade também passa a ser mais um ponto de decisão que requer tempo. Para quem tem a oportunidade de ter o mesmo acesso, mas de formas A, B e C, qual seria o melhor caminho? Como podemos contribuir para uma distribuição mais justa? Que este turbilhão de novidades também provoque uma reflexão sobre o mundo que queremos e que realmente construímos. ***

¹ Tirando o Crachá é um projeto de Siloe, Jimmy e Chaves. Obrigada pelo convite! ;)

² Matéria de Rafael Grohmann e Paula Alves.

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